Hoje li um texto, no mínimo, interessante.
Intitulado “Professor que nunca havia reprovado um aluno” a peça literária –
vou chama-la assim – foi elaborada para fornecer argumentos contra o socialismo
e apontar a concorrência e a meritocracia como ferramentas exclusivas para o
bom rumo da sociedade (capitalista, é claro). Após narrar o “experimento”
realizado por um suposto professor de economia que dividiu as notas dos alunos
pela média da classe, que progressivamente foi baixando de nível até que todos
os alunos, até os excelentes, fossem reprovados. Nessa lógica que poderia ter
sido elaborada por Mirian Leitão, Gustavo Ioshippe ou outro grande economista
midiático, muitos alunos deixariam de se esforçar confiando no desempenho dos
que realmente queriam aprender, e quando a maioria fez isso prejudicou toda a
turma. É uma forma de “provar” que o socialismo ou qualquer governo que queira
fixar impostos mais altos para os que ganham mais irá, fatalmente, prejudicar a
todos. Esses são os pontos defendidos pelo autor do texto:
1. Você não pode levar o mais pobre à
prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de
trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a
ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é
impossível multiplicar a riqueza tentando
dividi-la;
5. Quando metade da população entende a
ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá
sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena
trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de
uma nação.
Argumentos simplistas e reducionistas como
esses seduzem as mentes mais frágeis a corroborarem com essa tese sem qualquer
fundamento científico e crivada de ideologias elitistas. Ela serve para
legitimar preconceitos contra os que dependem da intervenção estatal e para
gerar jovens que defendam o modelo neoliberal e predatório e que sejam
contrários a ideias que nunca conheceram. Taxar proporcionalmente não é tirar a
prosperidade do rico, é ser justo com o mais pobre. São programas de
distribuição de renda que estão reduzindo a desigualdade social desse país e
oferecendo melhores condições de vida para milhões de pessoas. O argumento do “professor
que nunca reprovou ninguém” serve para banqueiros, investidores, donos de
empresas e nossa burguesia preconceituosa e burra doutrinarem os mais pobres a
manter o sistema que os sustenta. “O professor que nunca reprovou ninguém”
merecia ser reprovado junto com toda a turma. Ele por seu preconceito
disfarçado de intelectualidade e a turma por ter aceitado essa falácia como
verdade científica e instrumento de avaliação. E se você acredita nos argumentos
desse texto sem pesquisar por evidências concretas, bem, talvez mereça algum
tipo de castigo também.
Emerson
Luiz
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